Portugal estava na moda antes da pandemia COVID-19 e, embora não se saiba quando chegará o pós-pandemia, muito provavelmente continuará a estar e, obviamente, esse fato influencia muito o investimento imobiliário, em particular, o investimento imobiliário estrangeiro.
Investimento imobiliário em Portugal
As características únicas de Portugal, para atrair capital estrangeiro, são já muito conhecidas: o clima, a comida, a capacidade de bem receber, a segurança, o custo de vida, a qualificação da população, o uso do inglês, o programa de golden visa, o estatuto de não residente habitual, entre outras.
No entanto, não são apenas as características únicas de Portugal, que justificam a entrada massiva de capital estrangeiro para investimento imobiliário. O relatório de estabilidade financeira do Banco de Portugal (“BdP”) com referência a Dezembro de 2019 já alertava, ainda antes da chegada da pandemia, para o risco decorrente da valorização significativa do mercado imobiliário. De facto, a tendência de subida de preços sentida nos últimos anos, sobretudo nos grandes centros urbanos, tem correspondência com um fenómeno de procura por maior rentabilidade, por parte dos investidores, num contexto macroeconómico de taxas de juro muito baixas e elevada liquidez, em toda a Europa.
Por sua vez, o relatório de estabilidade financeira do BdP, com referência a Junho de 2021 é muito interessante para perceber o que tem acontecido desde então e, de que forma pode influenciar, o futuro. O relatório analisa a evolução recente do mercado imobiliário residencial e do mercado imobiliário comercial.
Evolução recente do setor imobiliário em Portugal
Durante a pandemia, os preços no mercado imobiliário residencial continuaram a aumentar em Portugal embora a um ritmo mais lento, sendo que para esta subida, terá contribuído a robustez da procura por não residentes. Em relação ao mercado imobiliário comercial, verifica-se uma evolução bastante heterogénea, já que o efeito da pandemia afetou, negativamente, os segmentos de retalho e hotelaria, mas impactou positivamente, os segmentos de indústria e logística, devido ao crescimento do comércio eletrónico. No segmento de escritórios e, apesar da tendência para a adoção de modelos de trabalho híbridos, a escassez da oferta determinou a resiliência de preços e rendas. O investimento estrangeiro tem uma grande expressão no mercado imobiliário comercial com uma quota de 80% do capital investido em 2020.
O que se pode esperar no pós-pandemia
Um ambiente de excessivo otimismo por parte dos investidores internacionais, aliado a uma contínua procura de rentabilidades superiores, em contexto de elevada liquidez e alavancagem, pode expor Portugal a riscos acrescidos, caso se verifique uma deterioração das condições de financiamento internacionais que se traduza na redução da procura de imóveis por não residentes, contribuindo para a queda generalizada do valor dos ativos imobiliários, a médio e longo prazo.
No entanto, no curto prazo, a tendência pós-pandemia não deverá ser muito diferente da tendência verificada até ao momento e o investidor imobiliário estrangeiro continuará a demonstrar uma forte preferência por investir em Portugal, na grande maioria dos segmentos, influenciando definitivamente a evolução do setor no futuro próximo.
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